quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bodó de A a Z

Quando estou em Bodó

Aqui nasci me criei
Conheço suas serras e rios
Matos e veredas que andei
Do riachão aos baixios
Descrevendo canto
Envolvido neste manto
De poeira e vento frio
Brincando com os amigos
Dos mais novos aos antigos
Mil motivos pra sorrir
Não existe nada melhor
Pois quando estou em bodó
Não penso mais em sais.

Sem dúvidas foi onde formei
A minha base pra vida
Se andei por onde andei
É esta a terra querida
Mas decidiu o destino
Conduzir-me ainda menino
A terras desconhecidas
Por conseqüências indevida
A sorte foi deferida
Não pude eu impedir
Sentindo na garganta um nó
Quando sai de Bodó
Não foi por querer sair.

Ao pisar aqui neste chão
Eu me sinto mais seguro
As serras como um pulmão
Enche-me o peito de ar puro
Das mil e uma brincadeiras
Passando noites inteiras
Fazendo plano futuro
Andando vereda ou por rua
Vigiado pela lua
Algo bom, posso sentir
Neste chão tem meu suó
Quando eu estou em Bodó
Não penso mais em sair.

Sentir na pele seus ares
Vindo do seio das serras
Envolto em raios solares
De folhas, flores e terras
Ver as crianças crescendo
E o vovö envelhecendo
Sem inimigos nem guerras
Foi isso tudo que quis
Por certo fui infeliz
Por um dia ter que sair
Contemplando por-do-sol
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Fazendo este retrospecto
Batem-me muitas saudades
O progresso e seus aspectos
Transformou-te em cidade
Vale muito recordar
Como forma de exaltar
Toda sua pluralidade
Tudo aqui é muito bom
Falando em alto e bom som
Para que todos possam ouvir
Filhos, netos, avö e avó
Pois quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

E te descrevo ponta a ponta
Passando em todo lugar
Em cada beco que se encontra
Tudo me fazem lembrar
Nestes versos formulados,
Junto o presente e o passado
Numa forma singular
Sem percalços nem adversos
Resultaram nestes versos
Que descrevo a seguir
De salteado ou de co
Pois quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

És tu merecidamente
Motivo de inspiração
Que te relato num repente
Transformando-te em canção
Em cada mão de schelita
A tua história é escrita
Nos vales deste sertão
Com esses nobres pioneiros
Manús, Morenos, ou pinheiro
Muitos outros e os xixi
Com este místico de um povo só
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Bodó sinönimo de mina
De povos, matos e serra
Algo que nos contamina
De animais que uivam e berra,
Pássaros cantarolando
Schelita em veias, minando
Que emana o seio da terra
O repentista inspirado
No alpendre ensobreado
Pra me deitar e dormir
Sem temer borogodó
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Vou chegando ao umbuzeiro
E o coração acelera
Mais alguns metros dianteiros
Este lugar me espera
Vendo o velho açude e o engenho
De emoção não me contenho
Ficar aqui quem me dera
Sentimento verdadeiro
De um autëntico bodozeiro
De ver e poder sentir
Não conheço nada melhor
Pois quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Algaroba velho e viril
Palco de recordações
Do Cine, do Pastoril
De festa e reuniões
Da Sirene que soava
Na Gurita, água esguichava
Em barris, lata e galões
Pro almoço descansar
A sombra pra prozear
Histórias boas pra ouvir
Tudo em um lugar só
Por isso estando em Bodó
Não Penso mais em sair

Da trepeça e Paulo Chico
Catirino, Riachão
Velha casa de farinha
Com seus escombros ao chão
Cada metro ultrapassado
Bate o peito acelerado
Agüenta-se coração
Meu lugar é um El Dorado
Até Reis viveu aqui
Mas nem morto no caritó
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Lá do alto a velha Torre
Serve-nos de sentinela
A maior parte do mundo
Ainda se ver por ela
Com toda aquela altura
Com a idade, sua estrutura
Já lhe apontam seqüelas
É o ponto de referencia
Um sinal sem interferência
Para seu canal assistir
De lá vejo primeiro o sol
Por isso estando em Bodó
Não penso mais em sair

Sobre o riacho, encravada
A Bueira faz história
Hoje está bem modificada
Mas é antiga na memória
De volta a comunidade
Renovando a identidade
E um caminho de glória
O tempo que a enterrou
Por ela também passou
E fez de novo ressurgir
Pode até chover toró
Pois quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Chego ao Bar de Luiz Mago
Logo depois da bueira
Tomo uma e um trago
E começa a brincadeira
Subindo um pouco é Gonçalo
Vou comer e encher o talo
Com tira-gosto de primeira
Digo-lhe isso com certeza
Se ele não ta, tem Tereza
Ou então tem a Vivi
Nem que façam catimbó
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

A frente ao passar por ela
Vem a mente bons momentos
Brincando de mela-mela
Patinete e rolamento
Do casal de namorado
Aquele encontro marcado
Bem longe do movimento
Fazendo parte da história
É passagem obrigatória
Para quem quer ir e vir
É a Valeta do meu xodó
Por isso estando em Bodó
Não penso mais em sair

Lá em Régina e João Alberto
Tomo mais umas geladas
Poit Bar, tudo ali perto
E atendimento camarada
Como da pizza ao trinchado
Com os amigos de lado
Lá por dentro ou na calçada
Sem se importar com aperreio
E já com o tanque cheio
Na quinze faço xixi
Com tantos ao meu redor
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Chegando a rua São Pedro
Hoje bem movimentada
Na pracinha estou sem medo
Brinco toda madrugada
Mais um ponto eventos
Palco de acontecimentos
Quando ainda era uma quadra
Ao centro o velho mercado
O lugar mais movimentado
Tudo acontecia ali
Se comparar hoje dá dó
Mas quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

De uma grande serventia
Para o povo do lugar
Um mini posto existia
Onde é o Conselho Tutelar
Para prevenir a saúde
Por mais que o tempo mude
Tudo começou por lá
Ao lado o Velho Chafariz
E como o povo diz
Ninguém vai me desmentir
Nem que nasça um três-só
Quando estou em Bodõ
Não penso mais em sair

Acima a Igreja matriz
Patrimônio da cidade
Ali fui muito feliz
Com toda comunidade
Conduzindo os filhos teus
Para mais próximos de Deus
Com muita fé e divindade
Acima o grupinho escolar
Era a única do lugar
Não tem como resistir
Nem chovendo ouro em pó
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

A escola municipal
Dessa cheguei a desfrutar
De uma forma natural
Tinha prazer em estudar
Lá me lancei para a vida
Na vocação preferida
Ler, escrever e rimar
A árvore que ali plantei
E tudo que desfrutei
Hoje está a florir
Saudade de mim tem dó
Pois quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Desço ao Ginásio de esportes
Um sonho realizado
Além de tudo, um suporte
Em alguns metros quadrados
Feito na administração
Dita, Bodó em Ação
De um prefeito abnegado
Esse Antonio Assunção
Homem de bom coração
Como cansei de ouvir
De todos numa boca só
Por isso estando em Bodó
Não penso mais em sair

Tem ali um velho rio
Que hoje chora de sede
Água lá ninguém mais viu
Estão presas entre paredes
De uma fraca correnteza
Ver-se com ar de tristeza
Ao lembrar o mato verde
Difícil ver cachoeiras
Motivos de brincadeira
Não vejo enchentes a fluir
Ver-se lá pedra e cipó
Mas quando estou em Bodó
Não penso mais sair

E para manter a ordem
Falo da velha “Cadeia”
Não tentem fazer desordem
Se não a coisa fica feia
Ideal para se aquetar
Se o cabra quer bagunçar
E mexer com a vida alheia
Para curar a cachaça
A estadia é de graça
Não paga para dormir
Vacilou é xilindró
Mas quando estou em Bodó
Só penso em me divertir

O lugar do encontro marcado
É como sendo um vigia
Pro casal de namorado
Que do povo se escondia
Ele é o olho arregalado
Cúmplice do cabra casado
Que fazia e acontecia
Hoje ta mais bonitão
Olho Dágua ou Cacimbão
Dele ninguém pode mentir
De noite nunca fica só
Por isso estando em Bodó
Não penso mais em sair

Finalmente um lugar
Por certo o mais freqüentado
Muita gente vai guardar
Todos estão convidados
Lã não existe sofrimento
Tenham todos um bom momento
Podem me esperar deitados
Falo do velho cemitério
Sem obedecer critério
O sossego a quem partir
Lã ninguém nunca está só
Se eu morrer em Bodó
De lá não quero sair

Cafuca em Céus abertos
Mina Nova e Isidoro
Desses caminhos desertos
De saudade ainda choro
Subindo serra e serrote
De jumento e de garrote
Provei da caça ao sodoro
Tudo isso aqui escrito
Dou graças a Deus, repito
Por tudo ainda existir
Nem mijado por potó
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

Tem o curral de vaquejada
A Cacimba de Batista
A santa por nós amada
Que lá do alto se avista
E a caminho dos Baixios
Tem o Estádio Beira Rio
Nosso palco de conquista
O cabra tem que ser macho
E correr de cima a baixo
Vamos todos assistir
Nem que torça o mocotó
Quando estou em Bodó
Não penso mais em sair

É esse orgulho que tenho
De falar fico contente
Quase as vezes não contenho
Não pode ser diferente
E nesse encontro de serras
Nascem os valores da terra
Que orgulham nossa gente
Assim é o meu lugar
A festa vai começar
Vamos todos aplaudir
E se tocar um forró
Se vocë for a Bodó
Não vai querer mais sair.

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Quem sou eu

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Natal, Rio Grande do Norte, Brazil
Sou um caboclo pacato De origem interiorana Nasci em terra bacana Como verdade e fato Esse é o meu jeito nato De falar do meu torrão Tenho um grande coração Que a ele está resguardado Por isso que sou chamado De Poeta do Sertão

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