sexta-feira, 3 de julho de 2009

PROTESTO DE UM BRASILEIRO DECEPCIONADO

Meu país ta bagunçado
As nossas leis corrompidas
A Constituição ferida
E o povo injuriado
E nós somos os culpados
Com muito pesar confesso
Quem mandou por no Congresso
Um bando de deputados?

Desculpem-me os magistrados
Mas para que tanta gente
Até mesmo o presidente
Por mim está dispensado
Talvez se salve o senado
Que a desgraceira é menor
Na verdade é bem melhor
Por um fim neste reinado

Agora vejam vocês
Deveria ser o seguinte
Se existe a Constituinte
Para que inventar mais leis?
Se tudo é um jogo de xadrez
Que um faz, outro desmancha
É aí que tudo engancha
E agente toma de vez.

Então vê se alguém me diz
Prá porra de deputado
Se quem prende é o soldado
E quem manda é o juiz?
Por isso ficaria feliz
Que ao bem da ordem e o progresso
Que feche a zona do congresso
O câncer deste país.

Sabemos bem o por quê
De tudo o que há de errado
É um regime ultrapassado
Com tudo ao seu bel prazer
E alem de se eleger
Vagabundo engravatado
É cada um pro seu lado
E o resto vá se f...

Usam o nosso dinheiro
De propina a mensalão
Se gritar “pega ladrão”
Sabe-se quem corre primeiro
Levam tudo pro estrangeiro
Isso é verdade e de fato
E quem finda pagando o pato
É o cidadão brasileiro

Se na cueca ou no suvaco
Nos enoja e nos arrasa
Mas enfim tudo é de casa
Estão todos no mesmo barco
Todos no mesmo buraco
E desde lá daquilo roxo
Lambuzam no mesmo coxo
São farinhas do mesmo saco

E assim só o que se lê
Isso me deixa mais puto
É um tal de “valerioduto”
“Caixa dois” sei mais o quê
Com essa gang no poder
Amigo haja coisa feia
E o brasileiro na peia
Sem ter ao que recorrer

Estou pagando prá ver
Depois de noticiado
Se aparece um culpado
De PL a PT
PTB ou PDT
Todos estão mancomunados
E o focinho dos descarados
Todo dia na TV

Na onda da pororoca
Ou na pizza do plenário
O cidadão vira otário
E sigilo vira fofoca
Palocci vira paçoca
Estes são “Os companheiros
Mas torci pelo caseiro
Comedor de tapioca

Todos são uns indecentes
Eu falo isso por mim
Ali Babá ou Aladim
Que chamam de presidente?
Tem mafioso, delinqüente
Traficante e bicheiro
Ladrão que é tesoureiro
Mas todos são inocentes

O país virou uma zorra
Meu título está cagado
E prá não ficarmos parados
Na corda bamba ou gangorra
Quero que o planalto morra
Se desmantele como o Iraque
Iroshima ou Nagazaki
Igual Sodoma e Gomorra

È sujeira prá todo lado
E vejam que coisa patética
Em um “tal” conselho de ética
Eles mesmos são julgados
E depois de tudo falado
Vejam vocês que sinistro
Que deixa de ser ministro
Volta a ser Deputado.

Aí com o mensalão guardado
Um outro se licencia
Ganha aposentadoria
E é também inocentado
Tudo é bem planejado
De bundão a bom vivan
Nas ilhas virgens e caiman
Já está depositado

Já outro é até festejado
Por uma tal deputada
Gorducha e desajeitada
Com samba desajeitado
Mesmo sem o rebolado
Vai tentar se explicar
O porque dela dançar
Deixando-nos mais enojados

Por isso deputado queira
Prestar bastante atenção
Se queres a salvação
Amenize essa sujeira
Que na hora derradeira
Faça um pedido a nação
Para que no seu caixão
Não ponham nossa bandeira

Mas essa raça de indecentes
Só iam mesmo tomar jeito
Se aquele tal sujeito
O tal matador de gente
Que mora lá no oriente
Ouvisse o nosso despeito
E realizasse outro feito
Agora prá bem da gente

Caro Bin Laden, te peço
Você que tem sangue frio
Pegue outro avião vazio
E jogue lá no congresso
Que não esteja em recesso
E só tenha parlamentar
Tente só nele acertar
E tudo será um sucesso

Desculpe-me seu Oscar
Sua obra vai ao chão
E numa linda explosão
Toda sujeira vai pro ar
Ninguém irá lamentar
È para o bem da nação
E essa corja de ladrão
Pode tudo se danar

Duvido algum escapar
Desejo descanso eterno
Pode não ir pro inferno
Pois lá não tem mais lugar
Vão suas contas pagar
E depois de tudo explodido
O nosso Brasil querido
Nunca, nunca mais irão roubar...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Versos à Assis Braga

Caro Assis Braga, veja só:
Tu ainda não me conheces,
Mas, ao que tudo parece,
Tu também eis de Bodó.
Isso eu também sei de có,
Que no tempo de menino
D. Francisca Adelino
Vossa amada genitora
Fora minha Professora
E o meu nome é Joventino.

Vossa metáfora foi um engano,
Quando dizes ser “ruim”,
Se auto - descrevendo assim,
Ou é empáfia, ou eis um insano,
Mas, se o poeta é profano,
Este inefável humano
Que a poesia acolheu,
Pode também andar nu,
Pois não serei melhor que tu,
Nem tu melhor do que eu.

Quero entrar nesta peleja
Pois não sou flor que se cheira,
Sou o mal que se deseja,
O cupim da cumieira
Pior do que caganeira
O mijo do cururu,
Sou pior que precisão
Sou a seca no sertão,
Mas sou melhor do que tu.

Sou o nó da tripa mestra,
De um peido recolhido,
Eu sou injeção na testa
Bofete no pé d ouvido
Sou carniça de urubu
Eu sou febre do rato,
Pior que bicho – do – mato
Mas sou melhor do que tu.
Sou espécie peçonhenta
De um veneno letal
Sou o catarro da venta
A pereba que deu o mal
Sou mesmo um animal
Chifrada do boi zebu
Sou a má sina de Jó
Não valho um cibazó
Mas sou melhor do que tu.

Sou a dor do reumatismo,
Da artrite e da artrose
Parasita do organismo,
Mal de Parkson e esclerose
Sou lombriga e verminose
O cocô do tapuru,
Sou o causador da guerra,
Não valho o que o gato enterra
Mas sou melhor do que tu.

Sou diabo em forma de gente,
O pão que o próprio amassou,
Sou meliante indigente
O Sandan que se enforcou
Titanic que afundou
A lêndea do cafuçu,
Pingunço e raparigueiro,
Devedor do mundo inteiro
Mas sou melhor do que tu

Sou a formiga de roça
A praga da plantação
Sou a catinga da fossa,
O gurgulho do feijão
Eu a desunião
O azedo do umbu
Sou a surra de urtiga,
Sou pior que rapariga
Mas sou melhor do que tu.


Majestade A Água

Um dia, teremos que dar o real valor a essa maravilha tão indispensável e imprescindível a todas as formas de vida.

Sua majestade: A Água

Vem em forma de neblina,
Garoa e tempestade
Chuva grossa e chuva fina
Nas correntezas do arrabalde.

Chove, e a chuva, corre e sai...
Molha a mata e mata a sede,
Flores, frutos e folhas verdes
Deságua nos rios e vai...
Fecunda a terra, e em seu colo
Cessa a seca, inunda solo
Sobe às nuvens, e aqui cai...

Água que chega e vai embora,
Excita o solo fecundo
Vira bolha e num segundo,
Orvalha: serena e molha.
Banha o ar, que banha o mundo
Seca, some, evapora.

Envolve a terra aquecida
Transforma a brisa e o ar
Salobra, doce e límpida
Suga os sais e volta ao mar

Água sublime bebida,
Águas calmas e revoltas,
Dos mares profundos ou em gotas
Mágica porção da vida.

Relato de Bodó

Relato do meu Bodó de hoje e outrora


Prá dizer quanto é bom estar aqui...

Certo dia me peguei analisando
Desde quando sai deste lugar
De saudades cheguei a soluçar
Descrevendo estes versos suspirando
Se pudesse para cá vinha voando
E aqui estar à brincar e à sorrir
De bem com a vida iria me sentir
Com amigos num barzinho ou nas calçadas
E por aqui brincar, dar gargalhadas
E dizer quanto é bom estar aqui

Quando encontro meus amigos em Natal
Conterrâneos e colegas de infância
Sempre tento enaltecer a importância
Exaltando minha origem natural
Em outras terras jamais será igual
Do contrário quem disser irá mentir
Peço ao amigo parar e refletir
Me orgulhando por ser filho de Bodó
Em outros versos que fiz já sei de có
E digo sempre o quanto é bom estar aqui

Nos bate-papos falamos com saudade
Daquela época para hoje: a diferença
Independentes de costumes e de crença
Nos deparamos com esta realidade
Ao sair do interior para a cidade
Procurando meios de subsistir
Quem ficou por cá há de convir
Sou apenas mais um nobre bodozeiro
E gostaria da atenção do povo inteiro
Prá dizer quanto é bom estar aqui

Nas conversas o papo se desenrola
E vejam só o que pude descrever
Quando aqui para aprender a ler
Aos dez anos foi que pude ir à escola
Depois ir na laminha jogar bola
Se de casa pudesse escapulir
Nem TV tinha para assistir
Mesmo sendo no tempo da ditadura
Com certeza violava a censura
Prá dizer quanto é bom estar aqui

Eu me lembro, quando tinha energia
Mas nós tínhamos a bondosa lua-cheia
Pra jogar nossa bola era de meia
Mas tudo era motivo de alegria
Os conselhos dos mais velhos sempre ouviar
Procurando bons caminhos pra seguir
Os resultados hoje estão e fluir
Pois com ele aprendi obediência
Ter caráter o melhor na sua essência
E falar o quanto é bom estar aqui

Como soldados da cabeça de papel
Eu brincava feliz à luz da lua
No terreiro de casa ou pela rua
Debruçado pelo chão olhando o céu
To no poço, cirandinha ou no anel
Um sentimento diferente irá surgir
Quantos motivos eu tinha pra sorrir
Pois eu era feliz e não sabia
Se possível no tempo voltaria
E dizer o quanto é bom estar aqui

Para viver na capital é um tormento
Se em casa não consegue dormir bem
Se dormir o ladrão leva o que tem
Se na rua fica sem o pagamento
Se der sorte e ladrão não for violento
Só não morre se der tempo de fugir
E lá na esquina estão à dividir
O que passamos todo mês para ganhar
Mas agradeço estar vivo prá contar
E dizer quanto é bom estar aqui

Mas aqui troco a noite pelo o dia
Tanto faz está em casa ou na pracinha
Bato papo e tomo minha cervejinha
Nossas casas não precisam de vigia
Minha vida por aqui tem mais valia
Meu dinheiro ninguém vai subtrair
Não preciso marcar hora prá sair
Toda forma de viver estou seguro
Respiro bem e encho o peito de ar puro
Prá dizer quanto é bom estar aqui

Já por lá para ver um conhecido
É preciso ter vontade e paciência
A distância – o trânsito – a violência
Nos estressa e nos deixa aborrecido
Ninguém sabe quem é bom ou é bandido
Proteção a Deus estou sempre a pedir
Sorte nossa se ele interferir
Para em casa conseguir chegar com vida
Gritaria com a garganta dolorida
Prá dizer quanto é bom estar aqui

Já aqui para encontrar um amigo
Só precisa estender a sua mão
Abraçando - o como sendo seu irmão
Assim como meus avós no tempo antigo
Fui criado sem fazer nenhum inimigo
Só coisas boas me pus a construir
E por isso não escolho onde ir
Sendo assim a recíproca é verdadeira
Ficaria falando a noite inteira
Prá dizer quanto é bom estar aqui

Se em Natal quiser sair para brincar
Com a mulher, namorada ou sozinho
Sempre aparece por perto um gaiatinho
Procurando meio de desacatar
E chamando sua amada prá dançar
Já cochicha lhe chamando prá sair
Se ela diz não, ele torna a insistir
E você perde a namorada pro vadio
Passaria mil noites neste frio
Prá dizer o quanto é bom estar aqui

Por aqui nós brincamos numa boa
Todo mundo se respeita e se quer bem
Ninguém liga para o que o outro tem
Sua mulher pode ser nova ou coroa
No vacilo o amigo lhe perdoa
Só não pode abusar e repetir
Falo sério não preciso de fingir
Todo mundo já conhece o meu jeito
Os amigos, professores até o prefeito
É por isso que é bom estar aqui

Para ouvir um violão com os parceiros
Ricardinho com certeza quebra o galho
Com Erivan cantando Fagner e Zé Ramalho
Não preciso dispor muito de dinheiro
Assim fico por aqui o ano inteiro
São coisas nossas que devemos aplaudir
Jamais em outro lugar vai existir
Nossa terra é completa de artista
Como aqui eu duvido que exista
É por isso que é bom estar aqui

Sendo assim, varo pela madrugada
Isso sim é que chamo de um barato,
Baixinho e Tota canta fevers e Renato
E o nego Hélio vai de Noite Ilustrada,
Já Colega vai chegando na parada,
Canta Carro-de-boi pra gente ouvir
Acho bom e peço para repetir
E ele vai um pouco desafinado
Fico atento a seu verso improvisado
E é por isso que é bom estar aqui

E o futebol nas minha recordaões
Merecemos um destaque especial
Naquela época não havia outro igual
Quantas vezes nos sagramos campeões
Fluminense e Tungstënio, as sensações
Eram os melhores e ninuém vai discutir
Todo mundo parava para assistir
Esse era o melhor clássico do lugar
Minha memória jamais irá falhar
Pra dizer o quanto é bom estar aqui
E assim recrio um a um na minha mente
Quem não lembra a elegäncia de Lulinha
Zé Silvino era o nosso Mirandinha
E Cioba a cabeçada mais potente
Tota e Chaga uma zaga experiente
Quem os viu pode hoje conferir
Ele fizeram outra geração surgir
Como Chiquinho, Deda e S[ergio de Dolo
João de Chaga o goleiro, o melhor
É por isso que é bom estar aqui

E como filme que guardo na memória
Descrevo este lugar em verso e prosa
Nosso passado a lembrança tão saudosa
Que fazem parte importante dessa história
Um passado de preserverança e glória
Vou fazendo nesses versos ressurgir
Não podemos deixar inexistir
E recorro ao bom Deus da criação
Que me ilumine e me dê inspiração
Pra dizer o quanto é bom estar aqui

Nossa gente, nossa crença e devoção
Quem não lembra a carismática Carmelita
Para nós uma lembrança infinita
Grande era seu nobre coração
Frei Antônio que nos dava sua benção
Que por nós junto a Deus possa intervir
Com certeza a ele sim irá ouvir
O nosso humilde e bondoso mensageiro
Catequizou o povo bodozeiro
É por isso que é bom estar aqui

Continuo lembrando com carinho
A brancura dos cabelos de honorina
As famosas pernas tortas de Faustina
Quantas vezes cruzaram estes caminhos
Severino Nogueira, meu padrinho
Zé Aurora um xerife a lhe servir
O dinheiro gerente da era Waldir
Zé Quitéria um cacique bodozeiro
O abnegado padrinho dos garimpeiros
E vou dizendo que é bom estar aqui

Reclame à Deus

Num momento de introspecção, fiz uso deste sujeito oculto ou indefinido e ousei fazer umas perguntas ao nosso criador, foi então que fiquei bastante surpreso, pois enquanto formulava as perguntas, com elas vinhas surgindo as respostas.

RECLAME À DEUS

01
Um homem desesperado
Com o que acontece no mundo
Num desabafo profundo
E bastante encabulado
Depois de um ato impensado
Pegou lápis e papel
E escreveu para o céu
Pra dizer o que estava errado.
02
Sua benção meu Senhor
Perdoe-me o jeito grosseiro
Sou um pobre brasileiro
E não ando de bom humor
Preste atenção por favor
Pra tudo que vou dizer
E se o Senhor me convencer
Lhe farei grande louvor
03
Sou um homem do sertão
Que vivo aqui no Nordeste
Bem diferente do Sul e Sudeste
Que vejo em televisão
Diga-me qual a razão
Pois lá eu vejo fartura
Pecuária e agricultura
É riqueza de montão.
04
A chuva lá é em abundância
Cá pra nós quase não vem
Diga-me o que é que eles têm
Que tanto dares importância?
Não falo com arrogância
Mas me diga se isso é praga
Se por causa de um, o outro, paga
Qual é a significância?
05
Se fenômeno natural
Isso para mim é mito
Eu quase não acredito
Por favor, não leve a mal
Se todo mundo é igual
Como a própria Bíblia diz
Porque há tanto infeliz?
Não acho isso normal
06
Quero saber a razão
De existir o rico e o pobre
O fariseu e o nobre
Uns com muito, outros não.
Se o pais está em ascensão
Há desordem na política
E cada vez fica mais crítica
A nossa situação.
07
A nossa terra é benquista
Aqui não tem terremotos
Furacões nem maremotos
Nem inimigo terrorista
Queria ser otimista
Não querendo ser tão crítico
Mas botasses cada político
Inda por cima, petista
08
Eu ando desconfiado
Com o que está acontecendo
Está todo mundo vendo
Não posso ficar calado
És o grande interrogado
Pois se tudo é invenção sua
A terra, o mar e a lua
Perdoe-me, mas és culpado.
09
És o todo-poderoso
E disso ninguém duvida
Passei toda minha vida
Ouvindo isso do idoso
Porém estou duvidoso
A razão desse tormento
Tudo é teu consentimento
Ou sou eu que sou teimoso?
10
Enquanto existem milhares
Morrendo de trabalhar
Não tem nem onde morar
Isso em diversos lugares
Outros têm mansões solares
Na garagem um carro importado
Vidro elétrico; ar condicionado;
Tudo com vista pros mares.
11
Faça-me então entender:
Se tantos têm mesa farta
Para outros, tudo falta!
Até água pra beber?
Rico? Não, não quero ser.
Só quero ter um emprego,
Saúde paz e sossego
E em casa o que comer.
12
Quero o que qualquer almeja
Por isso dou duro danado
Não faço nada de errado.
Só quero que me proteja
Meu Senhor ao menos veja
Estou sempre no aguardo
Talvez meu único pecado
É não ir muito à Igreja
13
Não sou ateu nem herege
O que me move é a fé
Não em Buda ou Maomé
É o Senhor que nos protege
Sendo assim ninguém diverge
Se és tu, o Salvador!
Responda-me, por favor,
Se és esta luz que nos rege

- A resposta

- Meu filho deite-te dois olhos...

Tu enxergas? Sim Senhor
Dei-te pernas, te dei braços,
E tudo que eu te faço
É porque te tenho amor.
Como bom conhecedor
Preste atenção, porém:
Pois tudo que os outros tem
Não tem um mesmo valor

- Reclamas de barriga cheia.

Queres riqueza maior?
Do que ver estrelas brilhando
Ouvir os pássaros cantando
Sentir os raios do sol?
Pois em verdade vos digo
Sou teu verdadeiro amigo
Jamais estivestes só.

Não é caso pra castigo
Mas falaste muitas blasfemas
Porém meu filho, não temas
Sempre vou estar consigo,
Mas, em verdade vos digo
Parábolas não são teoremas
Mas para a adversidade
Eis que eu tenho a verdade
Resolvendo teus problemas

Se existir o desespero,
Eu lhe trarei a esperança.
Se houver a tempestade,
Eu levarei à bonança.
Se acontecer a guerra
Eu trarei paz para a terra
Herdade e preserverança
14
Tenho cá minhas razões
De não estar tão confiante
Entra e sai governante
E os mesmos papelões
E de milhões em milhões
Tem fortuna garantida
Enquanto muitos, até comida,
Tem que buscar nos lixões
15
Diga-me se é normal
A tamanha desigualdade
A tal da impunidade
Pra quem pratica o mal
Só o pobre é marginal
Quem tem dinheiro é rei
E ainda diz que perante a lei
Todo indivíduo é igual?
16
Se um pobre assalariado
Quer fazer um crediário
Tem que comprovar salário
Para ver se é aprovado
Depois aquele coitado
Passa horas numa fila
Chega alguém com uma apostila
E começa o interrogado
17
Pra preencher a papelada
Haja pedir documento
Da data de nascimento
Até a carteira assinada
Quando a ficha é puxada
RG, CIC e Serasa
O pobre volta prá casa
Sem crédito, compra e nada

Eu também criei a cura
Para banir a doença
Para calar o herege
Eu também criei a crença
Pra ilusão, tem a certeza
A alegria pra tristeza
A bondade para a ofensa

Eu também criei o herói
Para combater o vilão
Para cada condenado
Tem que haver a salvação
Para que o correto exista
Tem existir o fascista
O errado e a razão

Para cada pecador
Eu concederei perdão
Para haver um campeão
Tem que ter o perdedor
A beleza pro horror
A luz para escuridão
Para cada invenção,
Tem que haver um inventor

Para as trevas tenho a luz
O certo para o errado
E para livrar-te do pecado
Mandei meu filho Jesus
E crucificado na cruz
Da morte, a ressurreição
Bani da terra, mal feitores
Falsos profetas e doutores
Para sua salvação

A primavera para a flor
Verão, outono e inverno
Darei-te descanso eterno
E o alívio para a dor
E não querendo pedir favor
Eu também tenho uns reclames
Mas só peço que me ames
Sou teu Deus, pai e Senhor

Quando chove no sertão

Quando chove no sertão.

Vejo no alto da serra, o clarão!
Resplandecente na escura madrugada
Que por si só, se mostra enluarada,
Em meio à vasta escuridão.

Os relampejos anunciam o trovão
Que ao estrondo lá do alto causa susto,
Despejando gotas d’água sobre o arbusto
Dando vida, germinando a plantação.

Tudo muda no cenário do sertão
Nesta cena a esperança protagoniza
No ato que o sertanejo profetiza
Vivendo o drama, do real a ficção.

Neste momento, chora ele qual criança,
Só Deus sabe o que o sertanejo sente
Que tanto espera pra plantar sua semente,
Que ele guarda junto a ela, a esperança.

Agradecendo ao Deus pai da criação
De joelhos sobre a terra está prostado,
Que como benção fez chover no seu roçado
Dando graças por lembrar, do seu sertão.

Cada pingo que deságua em correnteza
Ressuscita do seu leito o velho rio
Transformando o sal da terra em pleno cio
Mostrando-nos a outra face, a natureza.

A mesma água que inunda o tórrido chão
Reflete-se abundante em seu olhar,
Só pensando o que colher do plantar,
Na incerteza que ela voltará, ou não.





O nosso palavreado

Termos, expressões: o nosso palavreado

Dos dizeres e linguajares
Às linguagens e dialetos
Nas expressões populares
Nos sentidos mais completos
Sem cartilha do alfabeto
Sem plurais nem singulares
Na expressão bem entendida
Da mais simples forma de vida
Das escutas e falares

Sem sujeito e predicado
Pouco importa a concordância
No nosso palavreado
Regras não têm importância
É a mesma significância
No garimpo ou no roçado
Nos batentes e na esquina
No prosear de rotina
Todos dão o seu recado.

Antigamente não existia
Rádio nem televisão
Nossos avôs, só ouviam
Proseado do patrão
Eis aí a justa razão
Como tudo acontecia
As palavras modificadas
Sendo aos poucos incrementadas
No seu pacato dia-a-dia.

Começo me descrevendo
Numa autobiografia
É como está revivendo
Tudo aquilo que eu vivia
E voltando àqueles dias
Vou tentar me expressar
Falando o palavreado
Que ainda hoje é usado
Pelo povo do meu lugar

De sambudo a abiudo
Como toda meninada
Nas arengas, de cascudos
Cocorote e bofetada
Joguei supapo e pernada
E quando a ingrisia era feia
A ritumba era pesada
Inda dava umas bordoada.
Tabefe e mão na ureia

Falava-se em moitim
Das ureia ficar impé
Burburim, visage, pantim
Não botava muita fé
Me arredava em fincapé
E todo arripiado
Tremendo que nem vara verde
Amoquecado na rede
Se falassem em mal-assombrado

Vez em quando escapolia
Ou saía de supetão
Invaredava, desaparecia
Sem apercata, pé no chão,
Levei topada e trupicão
Em lamacéu e pedregui
Pelo munturo e cabeço
Esses nomes eu não esqueço
A criança que eu fui.

Mulher falada, é da vida
Namoradeira, é danada
Não é mais virgem, é perdida
Se o marido deixa, é largada
Se junta, é amancebada
Moça bonita é arrumada
Tem bunda grande, é quartuda
Engravidou, ta buchuda,
Tá pela boca ou amojada

Se é parecido, é cagado e cuspido
O vistoso é um bonitão
É também bem parecido
Ser feio é a image do cão
Não é castrado é barrão
Mal criado é maluvido
Cabra ruim é impestado
O troncho é malamanhado
Sem ninguém é desvalido

Pra começar, quem vai avexado,
É um pé lá, outro cá
Num pé e noutro é apressado
Me dë aqui, é decá
Ta querendo namorar
Ele ta com inxirimento
Mexeu com a fia aleia
Desonrar é coisa feia
Pexeira no bichiguento

Ta amigado, é amancebo
Ta gostando, é xamegar
O embriagado é bebo
Ou está mei lá mei cá
Saiu, foi fugutiar
Mal vestido é esmulambado;
Ta mesmo o Juda; só os trapo;
Só o quilangue ou farrapo,
E o bem vestido, tá alinhado

Tratar mal, é discompor
As garateia, é a toa
Ta com o raío, tá com o istopö
Muito cheio é pela proa.
Falar versos, é fazer loa
Sem freio é desembestado
Toda ruindade é pouca
Infeliz da costa ôca
Má conduta e escumungado.

Vai dá espaio vai brigar,
Deu nó cego, é arruaceiro
Fazer inferno e irredar
De leva e traz, é fofoqueiro
Espírito mau, é zambeteiro
Se não presta, é milacria
E pra quem for de mal agrado
É traste, trambei,. caningado
Credo e cruz, ave Maria

O cabido é atirado
Dez espigas é uma mão
Se ganhei um cozinhado
Ganhei um mói de feijão
O canto mais fundo é purão
A pá faz parte do ombro
Ta viçando ta no cio
Desocupado é vadio
Coisa feia é malassombro

Foi pra farra, foi pro gango
Caiu na patifaria
Homem duvidoso é frango
Falar brebote é arisia
No caritó, é titia
Homem forte é parrudo
Homem moço é rapazote
Pode ser também frangote
O corajoso é peitudo

Gente feia é papangú
Ser rico é ter posiçao
Tem posse, as coisa e tutu,
É coroné ou barão,
É mais ou meno; é bichão,
Todo mais velho é sinhö
O amarrado é suvino
Triste da pancada do sino
Ta ruim, é tá com uma dor.

Jogar pilera é piada
Fugir é “cair no mundo”
“Sem futuro” é vagabundo
Dá com força é cipuada
Mulher ruim é depravada
Tonto e lerdo é abilolado
Chamou pra tapa é arenga
Se não faz um “Ó” com uma quenga
É um jumento batizado

Tá morrendo, é esperniando
Muito mal, é à beira da morte
Fez resenha, é comentando
Bicho cagado, é de sorte
Chamboque é ferida ou corte
Vai te danar, discunjura
Briga de boca é rém-rém
Dinheiro pouco, é vintém
Má no estambo, é gastura

Pé bate na bunda é correr ligeiro
E devagar é piado
Quebrar a palavra, é fuleiro
Sem cor é impalemado
Fez mal, é amaldiçoado
O antipático é ranheta
Ta sem jeito, ta reiado
Infitete e amolestado
E o coisa ruim é o capeta

Com zói trocado é zanoi
Grota pode ser caverna
Muita coisa, é mazaroi
Batata é parte da perna
Cão que carregue é praga eterna
Brincar de tocar, é tica
Caixa prego é um lugar
Que cansavam de mandar
Mas ninguém sabe onde fica

Quem mirrir do outro, manga
Faz pouco, tira a terreiro
O amostrado, faz munganga
O engraçado é presepeiro
O enrolão é marreteiro
Inimigo é malfasejo
Ladrão é o mesmo gatuno
Pestelento é infortúnio
Resto dos outro, é subejo

Pensar muito é incasquetar
Tá tonto é cambaleando
Não quis ir, é istribuchar
Chorar baixo, é churumingando
Se mudar é debandando
Arrimidei é ajuda
Ta muito seco, é esturricado
Se ta sujo, está breado
Socorro é Deus me acuda

Se não é bom, é timote
É um troço ou prejura
Turma de gente, é magote
Deu passamento, é tontura
Fazer errado, é feiura
Goleou, deu de capote
Os desunidos, é mundiça
Divanicido é preguiça
Macho da gia, é caçote

Avie logo, é se apressar
Pereba é uma ferida
Dá no jumento é açoitar
Sem gosto, é desinchavida
Desvirginada, é bulida
Amontoado é mundé
Quem tem ingui, arripuna
Tem muitos bens, tem furtuna
Se é bom de bola, é Pelé.

Ruma e monte, é um bucado
Mato fechado, é toceira
Mói é um fardo amarrado
Mato ralo, é capoeira
Se é muita magro, é caveira
Moita é um pé de mato
Se agachou, ta de coca
Buraco raso, é barroca
As tripas do bucho é fato

Sem futuro, é catrevage
Engraçado é maimotento
Caçar chelita é malocage
Soltar pum, é peido ou vento
Conselho é parecimento
Quem dá as hora, é bom dia
Permite é concentimento
Ridimunho é pé-de-vento
Sem limite é dirmasia

Sem ninguém, é sem um pé de gente

Ranzinza é cabra teimoso
O teimoso é ser rinitente
Se é carregado, é renozo
Pintura é algo escabroso
Duvidoso é escabriado
Suspeita, é arrumação
Pouco é taquim, quinhão
Quem não anda é intrevado

Muito velho, ta só os pedaço
Queda violenta é baque
Só o resto, é só o bagaço
Deu um negócio é dá ataque
Passamento é quiripaque
Topar com alguém é esbarrar
Ruim é atanaso ou frecha
Um furo na porta é brecha
Chei demais é esborrotar

Pedir muito é esmole
Garganta é também gogó
Ureiudo é um caboré
O mutilado é cotó
Arapuca é quixó
Sol ta quente, ta tinino
Não tem cuidado é dirleixo
Mandíbula é taba do queixo
Ta podre ta se dilino

Levou o prego e o martelo
É quando vai e demora
Apercata é chinelo
Quem chama o que ruim, aigora
Coisa ruim é caipora
Má digestão é bucho inchado
Prisão de ventre é inturido
Tosse seca é istalicido
Impachou tá impanzinado

Um quilömetro é légua ou braça
Visinho é parea de meia
Foi pro oxelço, fez praça
Se apanhou levou peia
Faz bem feito é de mão cheia
Andar junto é acoleado
Quem colhe, apanha ou cata
Medidas é cuia ou quarta
Fez conta é comprar fiado

Cabriou é se enganar
Mergulhar é dá frexeiro
Cair na água é istibungar
Beira de estrada é aceiro
Do Bodõ é bodozeiro
Quem chega diz Ö de casa
Que ta responde Ö de fora
Vai saindo, vai simbora
Ta quente é mesmo que brasa

Ta de cama é enfermidade
Mau bucado é precisão
Aperto é necessidade
Mei de vida é ocupação
Idéia é inventação
Mal estar é agonia
Muita coisa é negrejando
Ta muito, ta friviando
Se presta tem serventia

Bate boca é pé de briga
Loiça velha é cacareco
Ta com verme é com lombriga
Tiro fraco é peteleco
Sentir mal é xilique ou treco
Susto de mulher é ui
Se tremeu em pé ta bambo
Roupa velha é mulambo
Coisa no estrambo é imbrui

Ta liso, é sem um indez
Muita schelita é veeiro
Quase maduro é de vez
Machante é açougueiro
Lugar dos bicho é xiqueiro
Se ele é moco, é surdo
Mulher que trai é xifreira
Falsa ao marido, rameira
Falar um do outro, é xafurdo

Ta cá gota , cá mulinga
Ta solto na buraqueira
Todo mau cheiro é catinga
Quem bate roupa é lavadeira
Fez as compra, fez a feira
Por pouco é escapar fedendo
Olho grande é abuticado
Espanto é acatitado
Ta se indo, ta morrendo

Se lasque ou istique, é morra
Se espichar é se deitar
Porme do café é borra
Fazer cocö é cagar
Deu peixeirada é furar
Ser grande é um aloprado
Anus é furico ou boga
Cheio de banca, é cheio de goga
Ta pelos canto é amuado

Enxerga mal é zaroi
Saculejo é puxavante
Mão na cara é tapa oi
Óleo caseiro é solevante
Rabuge é cheiro irritante
Quer ser as pregas é importante
E assim escrito e falado
Esse é o nosso palavreado
Que vai daí por diante

Um grogue, é uma dose de pinga
Sem paciência, é afobado
Aperreio é caninga
Todo afoito é amostrado
Ta com difruço, é gripado
Deu nojo é arripunar
Carro velho, é lebreia
Ributai é resto, é peia
Fazer amor, é se deitar

Tirar madorna, é dormir
Medonho é inquieto,
Mexer com o outro, é bulir
Inimigo, é desafeto
Ter agrado é ter afeto
Bicho sujo, é bicho imundo
O matuto é brocoió
A chuva grossa é toró
Visão é coisa do outro mundo

Passar fome é dificuldade
Perder tempo, é se impaiar
Corta-jaca é falsidade
Calar a boca, é se trancar
Procurar briga, é increncar
Menino buchudo é moleque
O puxa-saco, é chaleira
Diarréia é caganeira
Ta às queda, é de pileque

Fazer disfeita, é caçuando
Ver tocha, é dificuldade
Andar nos canto, é vadiando
Todo amigo, é cumpade
Traquinagem é crueldade
Monte de mato, é coivara
Trevalia é pesadelo
Retroi de linha, é novelo
Mão no fucim, é na cara

Se não pode andar é derrengado
Má pessoa é má elemento
Sem noção é abobaiado
Menino sujo é perebento
Também pode ser remelento
Faz tudo errado é cagão
Ta fraco ta só o quimba
Pequeno poço é cacimba
Olho dágua é cacimbão

Apertado é isprimido
Braço isquicido é dormëncia
Cheio de dor é combalido
Pouca vergonha é indecëncia
Tuberculoso é esfraquecido
Cabra macho é destemido
Chorar é cair aos pranto
Bagana é também brebote
Vigi Maria, ichi, vote,
São expressões de espanto

Pisar em falso é torcer o pé
Deu um jeito ou dirmintiu
Até mais é só inté
Se é muito magro é tisiu
Pra alguém olhar, é psiu
Gente besta é arrogante
Galo na testa é calombo
Pode ser também catombo
Mulher lustrosa é elegante

Língua afiada é firina
É quem fala mal de alguém
Crina é também isquilina
Catabie é vai e vem
Comer de pinto é xerém
Muita terra é propriedade
Sabe das coisa é entendido
O abiudo é mitido
Quem ajuda, faz caridade

Falar o que não devia
É bater com a língua nos dentes
Vazie e quarto é bacia
Tem parte com alguém é parente
Terreno plano é rente
Mulher da rua é vadia
Mulher de casa é direita
Se não aceitou fez disfeita
O sol a pino é mei dia

Estender roupa é enxugar
Depois que já foi lavada
Se botou para quarar
Deu só uma ensaboada
Pouco seca, é enxovalhada
Passar o ferro é engomar
Passou bem perto tirou fino
O amarrado é suvino
Poderoso é o maiorá

Comer de porco é lavage
Bater carro é barruada
Plantio é roçado ou vage
Coitado é quem não tem nada
Bolar de rir é dá risada
Dá um exemplo é castigo
O desdentado é banguelo
Má sorte é também fragelo
Homem feio é papa figo

Troço sem valor é bregueço
Sol se escondendo é se pondo
Catar cavaco, tropeço
Zuada alta é estrondo
Marionete é João Redondo
Responder é disaforo
Espinguinha é tambueira
Quem faz o parto é parteira
Ta doido, é com os cão nos couro

Foi andar, foi bater beira
Menina moça é caboca
Mulher fértil é parideira
Se usa bobe, usa touca
Dispranaviada é louca
Confusão é um roçoi
Raiar é chamar a atenção
Brigar com o filho é carão
Se a venta escorreu se açoi

Via as pessoas espalhada
No alpendre, ao oitão
Nos batentes da calçada
Contando adivinhação
De todos tinha a atenção
Falando o que nunca leu,
Mas ali tudo entendia
E muitos até hoje em dia
Nem o seu nome aprendeu

Como era! não se compara
Minha vida era bela
Pulando currais de vara
Pela porteira e cancela
Sem aperrei nem esparrela
Entre o velame e o pinhão
E assim eu fui educado
Falando o palavreado
Do português do sertão:






























































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Quem sou eu

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Natal, Rio Grande do Norte, Brazil
Sou um caboclo pacato De origem interiorana Nasci em terra bacana Como verdade e fato Esse é o meu jeito nato De falar do meu torrão Tenho um grande coração Que a ele está resguardado Por isso que sou chamado De Poeta do Sertão

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