quinta-feira, 14 de maio de 2009

Todo ano de eleição

Em mais uma brincadeira feita para os amigos, assim descrevi:

Em ano de eleição

Tudo muda de repente,
Em ano de eleição,
Parece uma maldição
Que sempre cai sobre à gente
É tentação da serpente
De novo agente acredita
Feito amnésia maldita
Vamos votar novamente

Novas promessas, novos planos
De diabos passam a ser santos
Não nos causa mais espantos
Ser vítimas de desenganos
Pedindo mais que ciganos
Somos de novo enganados
E ä custas dos abestados
Vão papar mais quatro anos.

Criar e aprovar as leis
Manda a constituinte
Eu chamo prostituinte
Mas deixo a julgo de vocês
E nesse jogo de xadrez
Se um cria outro desmancha
É aí que tudo engancha
E o povo nunca tem vez.

Não tem verba pra saúde
Nem para educação
Mas tem para o mensalão
Mais uma bela atitude
Peço a Deus que isso mude
Nos livre dos sanguessugas
De qualquer peste de pulgas
Mas por favor, nos ajude

Entra dia e sai dia
E sempre um discurso novo
E novamente o povo
Razão dessa hipocrisia
Caciques, oligarquias
Para eles não tem cadeia
E o eleitor na peia
Entrando em mais uma fria

Mudam da água pro vinho
Ressurgem lá do inferno
Esse tormento é eterno
O bandido vira mocinho
O satã vira santinho
Nesse filme só de artistas
Estrelado por petistas
Suzana e os Clavinho.

Ë tanto aperto de mão
Tanto beijo e tanto abraço
Que chega a me dá cansaço
Nesse ano de eleição
Tudo é de bom coração
Fala com gago e com mudo
Sempre fazendo de tudo
Pra enganar o cidadão

Melhor que o Zorra total
Este elenco de atores
No quadro: os embromadores
Do programa eleitoral
De um nível bem igual
Vão jogando o seu migué
Faz o povo de mané
Em cadeia nacional

E se for reeleição
A hipocrisia é tamanha
Tramam uma grande façanha
Para iludir o cidadão.
Contrata a televisão
Preparam novos discursos
Inventam até concursos
Pra reconquistar o povão.

Diz que do povo é igual
Analfabeto é doutor
Mendigo é professor
Bandido é um cara legal
Todo parece normal
Faz de casa a Prefeitura
Em prol da candidatura
Pra’depois baixar o pau.

Começa a fazer caridade
Confiante em ser eleito
Enche o povo de direito
Fazendo suas vontades
E assim com muita humildade
Arranja um carro de som
E sai pregando tudo de bom
Pelas ruas da cidade.

Dá carteira de motorista,
Óculos de grau, e dentadura
Ressonância e laqueadura
Tijolo e exame de vista
Arranja médico e dentista
Cesta básica e até dinheiro
Repatria o estrangeiro
E mais um na sua lista

Organiza carreatas
Dá tanque de combustível
Uma manobra infalível
Porém, tudo é só cascata
E ao longo da passeata
Cachaça e muita cerveja
Show de dupla sertaneja
Sorriso e conversa farta

Contrata um bom ator
Para dar depoimento
Tudo com um bom invento
Claro que a seu favor
Oferece um bom valor
Pra manipular pesquisa
E a população indecisa
Do golpe, nem sente a dor.

Visita a periferia
Prostíbulo e detenção
Todo mundo é cidadão
Prá ele grande valia
Toda hora e todo dia
Sua batalha é tamanha
Tudo ele faz em campanha
E depois, só alegria.

Promete ser a solução
Pra tudo que há de errado
Os alvos: o desempregado;
A saúde e a educação.
E depois da votação
Desaparece de repente
E pra vê-lo novamente
Só na próxima eleição

Eu já estou conformado
Já vi que não tem mais jeito
Vou procurar ser eleito
Prefeito ou Deputado
Vou fazer meu arrumado
Um super faturamento
Na venda do meu jumento
Pra servir ao povoado

Vai ser tudo bem planejado
Sei que vou sair ileso
Vou roubar e não vou preso
Muito menos ser julgado
Tomar dinheiro emprestado
Para fundo de campanha
E depois dessa façanha
Banana pro eleitorado

Vou aprovar e desaprovar leis
Pro lado que me der mais
Tudo em nome dos reais
Graças ao voto de vocês
Tomar wisk escocês
Ir conhecer o Japão
Viajar só de avião
No mínimo uma vez por mês.

Votar contra a CPI
Que acusar o companheiro
Vou mandar prender caseiro
Metido a herói como Davi
Não vou também permitir
Aumento pra aposentado
Seu voto não é obrigado
Não me ocupo nem a pedir

Vou propor aos companheiros
Mandato de oito anos
E por debaixo dos panos
Uma conta no estrangeiro
Férias e décimo terceiro
Levar sogra no avião
Tudo por conta da união
Do jeitinho brasileiro

Vou prometer a pobreza
Promover novas mudanças
Moradia e segurança
Muita comida na mesa
Para sentir mais firmeza
Mudar a palavra esmola
Prá bolsa família ou Bolsa Escola
Mais uma grande proeza

Vou confeccionar santinhos
E espalhar pela cidade
Fazer muita caridade
Fingindo ser bom mocinho
Reservar um dinheirinho
Reunir a minha turma
Pra fazer boca de urna
Com tudo bem direitinho

Sei que depois de eleito
Vou ficar um pouco ausente
Mais voltarei brevemente
Nas eleições pra prefeito
Vou tentar um novo pleito
Pois eu sou fruto do povo
Prometer, ser bom de novo
Afinal, ninguém é perfeito.

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Natal, Rio Grande do Norte, Brazil
Sou um caboclo pacato De origem interiorana Nasci em terra bacana Como verdade e fato Esse é o meu jeito nato De falar do meu torrão Tenho um grande coração Que a ele está resguardado Por isso que sou chamado De Poeta do Sertão

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