domingo, 8 de março de 2009

Poesia ao meu Sertão

Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão


01
Sou um caboclo pacato
De origem interiorana
Nasci em terra bacana
Como verdade e fato
Esse é o meu jeito nato
De falar do meu torrão
Tenho um grande coração
Para ele resguardado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão

02
Eis aqui um brasileiro
De raízes do interior
Ora era agricultor
Ora era garimpeiro
Contudo sou bodozeiro
Parte de uma nação
Bodó, é a inspiração
Deste filho abnegado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão

03
Gosto do cheiro do mato
O tira-gosto da caça
Prá tomar uma cachaça
Não existe melhor prato
Uma buchada no trato
Rolinha e arribação
A farofa e o bom pirão
Preá e peba torrado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do sertão

04
Do juá até o umbu
Macaxeira e mandioca
Dela vem a tapioca
A farinha e o bejú
Fruta de palma e cajú
E diante da precisão
A caça era a solução
Se não tinha no roçado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão

05
Vivi pela buraqueira
Correndo no tabuleiro
Entre aveloz, marmeleiro
Imburana e catingueira
Rolando na lamaceira
Pegava cobra com a mão
Matei cavalo do cão
Pensando ser premiado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão

06
Casa de taipa cravada
E o chão de barro pisado
Ouvindo o mugir do gado
E o canto da passarada
No alpendre a meninada
Fazendo adivinhação
Sob a luz do lampião
No armador pendurado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do sertão

07
Tomava banho de barreiro
Quando a enchente passava
Todo ano eu esperava
Chover no mês de janeiro
O presságio era certeiro
Prá cuidar da plantação
E esperar no São João
Por feijão e milho assado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão

08
Para amenizar a sede
Bebia água barrenta
Em surrada vestimenta
E a dormida era de rede
Potinho colado à parede
Era a lenha o fogão
Quando não tinha o feijão
Tinha o sodoro cozinhado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do Sertão

09
Sobre o ombro, a enxada
Sobre o jumento, a cangalha
No caçuá, vai a tralha
Pelo aceiro da estrada
Com a veste amarrotada
Chapéu de palha e o gibão
É o perfil de um cidadão
Que agente deve um bocado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do sertão
10
A lua cheia no céu
Enfeitando o anoitecer
É como assim descrever
Vestida num lindo véu
E na madrugada ao léu
Vagueia meu coração
E como contemplação
Mais um verso é formado
Por isso eu sou chamado
De poeta do sertão
11
Orando ao criador
Subo ao cume da serra
Abro os braços sobre a terra
Feito o Cristo Redentor
Com São Pedro Protetor
Peço a Deus sua benção
Faço a minha oração
Com Santa Luzia ao lado
Por isso sou fascinado
Por tudo no meu sertão
12
Na sombra do algaroba
O jumento se espixa
O calango e a lagartixa
Ao redor da maniçoba
O mangangá se afoba
Com a eminente invasão
E lá do alto o gavião
Olha o pintinho assustado
Por isso sou fascinado
Pelas coisas do sertão

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Natal, Rio Grande do Norte, Brazil
Sou um caboclo pacato De origem interiorana Nasci em terra bacana Como verdade e fato Esse é o meu jeito nato De falar do meu torrão Tenho um grande coração Que a ele está resguardado Por isso que sou chamado De Poeta do Sertão

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