quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bodó querida!

Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá!


Oh! Nobre Bodó querida
Salve! Salve! Este pendão
De folhas verdes as secas
Do inverno ao verão
Procissão e romaria
São é festa! Alegria
Cachoeira e grotão
Melancia e melão
Jerimum, caça: o preá
Sodoro, palma e faxeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo Por cá

Bodó, querida Bodó!
De riachos e ladeiras
Caçadores, garimpeiros
Gente boa e hospitaleira
Mulher prendada e fogosa
Moça bonita e formosa
Cheirosa e namoradeira
De São Pedro, o santo forte
Protetor deste lugar
Santo amigo e padroeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Minha querida Bodó!
Princesa do meu sertão
De Quadrilha e Pastoril
De viola e violão
Das Novenas, Cantorias
Das gostosas noites frias
No alpendre e no oitão
Do saudoso prozear
Milho verde e manguzá
Tripa de porco e torreiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, queirda Bodó!
Da Bueira e da Pracinha
Da Trepeça e Paulo Chico
Da lendária Igrejinha
Da castanha e do caju
Da gogóia e do umbu
Da Vasante e da Laminha
Batata-doce e galinha
Cöco de urtiga e juá
Fruta de palma e de faxeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Da caatinga a cerração
Dos rios que cortam serras
Do aveloz e do pinhão
Repentistas, cantadores
Que exaltam seus amores
No entoar da canção
Arroz, picado e pirão
De pão-de-milho e fubá
Alimento bodozeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Do mel da italiana
Da fava e do algodão
Resina de imburana
Calango, camaleão
Potó, cavala-do-cão
Urtiga e tamiarana
Cascavel e caninana
Marimbondo e imbuá
Tem bode pai-de-chiqueiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó querida Bodó!
Do peba e tijuassú
Andorinha, arribaçã
Tacaca, teju e nambu
Da tapioca e bejú
Do maxixe e do quiabo
Mata-fome e fumo brabo
Não faz inveja o Sul,
Azedinho e canapú
Mutuca e mangangá
Do algaroba e juazeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Dos Baixios do sertão
Da Cafuca ao Papa-terra
Mina-Nova e Riachão
Do agricultor calejado
Que em terra ajoelhado
Clama chuva a plantação
Se Deus ver sua aflição
E a lavoura fulorar
Tem fartura o ano inteiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida bodó!
De cacimba e de barreiro
Dos túneis e das banquetas
Lamparina e candeeiro
Espingarda e baladeira
Marmeleiro e catingueira
Algarve e pau pereiro
Velame e carrapateira
Cangalha e caçuá
Currais, faxinas e chiqueiros
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Das madrinha de fogueira
Do refresco com pão-doce
De Severino Nogueira
Mineração Sertaneja
Da calçada da Igreja
De namoro e brincadeiras
Gente pacata e ordeira
E pra casar e batizar
Nosso pároco: Édson Monteiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Do cabra trabalhador
Sanfoneiro, forrozeiro
Do cabra improvisador
Da Quinze até a Gurita
Do Cacimbão a Binidita
Que a muitos deu amor
Muitos por lá começou
Pena que não vai voltar
Não fui o único nem o primeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Oh! Nobre Bodó querida
Dos suarës e festanças
Cine Bastião Canário
Que eu guardo na lembrança
Da saudosa difusora
Locutor e Locutora
A quem houve a vizinhança
De quando eu era criança
Ouvia a música a tocar
Escutando no terreiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Desde quando luz não tinha
Lá em Baixo, era o Centro
A Valeta era a pracinha
Lembro a cair de choro
Lá rolou muito namoro
Com aquela menininha
Guardo na lembrança minha
Só me resta relembrar
O nosso beijo primeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó!
Da espingarda de soca
Cumbuca, quengo e cabaça
Burra, burrego e barroca
Do chinelo, da apercata
Também chamado apragata
Topada é arra taboca!
O bacurim é da porca
Malocagem é garimpar
Muita schelita é veeiro
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Minha querida Bodó,
Que entre serras fez-se leito
E aqui abriga seus filhos
Neste apertado peito
Do cantar da passarada
Da linda noite estrelada
Que a luz da lua me deito
Dos causos e seus efeitos
Que se ouvia contar
Cabras bons e presepeiros
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodó, querida Bodó,
Aqui quero exaltar,
Aquelas com quem um dia
Aprendi o beabá,
Francisca e Lourdes Quitéria
Que com disciplina séria
E o orgulho de ensinar
Jael e Maria Rosa,
Maria Marta aqui está,
Educando os bodozeiros
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá

Bodó querida Bodó,
Pra cada João uma Maria,
Se tem Gonçalo e Tereza,
Tem S. Santo e D. Cutia,
Seu Dolo, D. Angelita,
Zé Quitéria e Carmelita
Zé Preto e comadre Fia,
Alguns destes já partiram
Mas vale muito lembrar,
Tem Chica de Bodozeiro,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá

S. Augusto, D. Ritinha
Chico Vitor e Faustina,
Mane Enedino e Chica,
S. Chagas e D. Honorina,
Maria Rosa e Santana,
Nazareno e D. Ana,
Silvestre e Terezinha
Tem Joana e Polodoro
Tem Sandra e Avamar,
Esse aqui já tem herdeiro,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Há muitos ainda a falar,
Que nestes versos me afino,
Tem Lourdes e tem Onofre,
Ducéu e Pedro Enedino,
Tem Luzia e Zé Migué
Tem Rita e Caboré,
Nazaré e Zé Silvino,
S. Cícero e D. Tereza,
Tem Gorducha e tem Tinha,
Tem Belmira e Pinheiro,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Minha Querida Bodó,
Só quem pisa neste chão,
Sabe o orgulho que tem
No fundo do coração,
Só dependemos da chuva,
Não temos maçã nem uva,
Mas tem chelita no chão,
Pena em não poder mais,
Nestas terras garimpar,
Mas ainda tem veeiro
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Bodó, queirda Bodó
De Zé Quitéria e Zé Limão
De Zé Dantas e Zé Aurora
Já em outra dimensão
Desses falo com saudades
Pois pra essa mocidade
De exemplos servirão
Esses na história ficarão
Com histórias pra contar
Homens fortes pioneiros
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá

Bodõ querida Bodó,
Dos Santos, Pinto e Oliveira,
Xavier, Souza e Quitéria,
Silva, Águido e Pereira,
Manú, Macedo e Firmino,
Assunção, Melo e Silvino,
Bilro, Sabino e Ferreira,
Moura, Marques e Enedino,
Moreno e pra completar,
Dantas, Costa e Pinheiro,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Bodó, querida Bodó,
Das Antonias e Joanas,
Das Elitas e Socorros,
Marias, Martas e Anas,
Das Rosas, Jael e Ritas
Nazarés e Carmelitas,
Terezas e Etelvinas,
Franciscas, Fátimas e Faustinas
Mulheres destes lugar,
Rainhas dos bodozeiros
Aqui não temos dinheiro
Mas temos tudo por cá.

Bodó querida Bodó,
Minha querida Bodó,
Que saudades do passado,
Das animadas festinhas,
No barzinho ou no mercado,
Brincadeiras na calçada,
A primeira namorada,
Com o jeito envergonhado,
Pro namoro ser confirmado,
Bastava um simples olhar,
Sentimento verdadeiro
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá

Assim vou continuando,
Escrevendo direitinho,
Tem mulher de Val,
Madrinha Neide e Betinho,
Pra completar o escrete,
Tem Tota e Gilvanete,
D. Jael e Paizinho,
Me resta falar de uma,
Que não sei quem é o par
É Luzia de Tropeiro,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Tem Teodora e Emídio,
Tem Bola e tem Nicinha,
Tem vanusa e Erivam,
Tem Loura e tem Lulinha,
Dirá e Francisco Adelino,
Tem Irimar e Chiquinho,
Neco de Chaga e Euzanir
Márcio José e Lucimar,
D. Newman e Antônio Assunção,
Primeira Dama e Patrão
Prefeito dos bodozeiros,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Bodó, querida Bodó,
Dos teus filhos és mãe gentil,
Por mais longíncua que sois,
Ès pouquinho de Brasil,
E se agora és cidade
Pra nossa felicidade,
Mais bela nunca se viu,
Nossa bandeira é a paz,
Vamos tentar melhorar
Com esse espírito festeiro,
Aqui não temos dinheiro,
Mas temos tudo por cá.

Oh! Minha Bodó querida,
Te exalto com carinho,
Por mais que em asfalto ande,
Me lembro destes caminhos,
Veredas que aqui trilhei,
Com os pés no chão andei,
Sem ter medo dos espinhos,
Digo com toda franqueza,
Pra todo mundo escutar,
Aqui sou mais brasileiro,
Mesmo não tendo dinheiro,
Eu tenho tudo por cá.





















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Natal, Rio Grande do Norte, Brazil
Sou um caboclo pacato De origem interiorana Nasci em terra bacana Como verdade e fato Esse é o meu jeito nato De falar do meu torrão Tenho um grande coração Que a ele está resguardado Por isso que sou chamado De Poeta do Sertão

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